Planejamento financeiro é o primeiro passo para que qualquer pessoa consiga realizar um sonho, seja ele a casa própria, um carro ou uma viagem para o exterior. O grande problema é que boa parte da população nunca teve acesso a educação financeira e, muitas vezes, não sabem nem por onde começar a organizar seu dinheiro. Também existe uma ideia de que é mais difícil fazer um planejamento financeiro para uma família, porque ela é formada por muitas pessoas. Isso não é verdade.
A forma de se organizar o dinheiro é a mesma para uma casa de uma pessoa e uma casa de seis pessoas. O primeiro passo é colocar na ponta do lápis todo o dinheiro que entra e todos os gastos. Essa costuma ser uma das partes mais difíceis, afinal todo mundo sabe quanto custa o aluguel ou a mensalidade da escola, mas quanto custa aquele café que se compra na padaria todo dia ao final do mês? Ou qual o impacto de usar um aplicativo de transporte particular ao invés de transporte público no seu orçamento?
Entender quais são os ralos para o dinheiro é importante, mas estabelecer quais gastos podem ser cortados e quais não podem também é fundamental. Essa é uma parte muito individual, porque cada família sabe quais são as suas prioridades e quais remanejamentos de dinheiro podem ser feitos. Fórmulas prontas de quais gastos são importantes e quais não são não são eficientes, porque não possuem espaço para que cada pessoa possa estabelecer seus limites. Ana Baraldi, a co-fundadora do Invista como uma garota, um projeto que tem como objetivo ensinar mulheres educação financeira, comenta “Acho que é muito importante cada um refletir com a sua realidade, entender o que poderia estar te fazendo gastar onde você não quer e partir daí definir planos de mudanças de hábitos. […] Eu acho que é muito individual, de caso a caso, mas acredito que o processo de entendimento é muito parecido. É entender o que é importante para mim, entender o que eu quero mudar a partir disso traçar planos de mudança de comportamento.”
Bom, depois de ter colocado no papel o quanto de dinheiro entra, o quanto saí e quais gastos são supérfluos, chegou a hora de pensar mais concretamente no sonho que a família quer realizar. Por que é importante se ter uma noção do que se quer fazer com o dinheiro? Porque, assim, dá pra se ter uma noção do quanto é necessário poupar e fica mais palpável o desenvolvimento de um plano para juntar dinheiro.
Mas eu posso juntar o dinheiro antes de saber o que eu e a minha família queremos fazer? Claro que pode. Aliás, ter um dinheiro guardado para eventuais emergências é extremamente importante, afinal se um contratempo aparecer ninguém precisa se endividar para resolver. Pensando nisso, montar uma Reserva de Emergência com o valor que cubra de 6 a 12 meses das despesas da casa dá uma tranquilidade para que as famílias possam juntar dinheiro pensando em comprar outra casa ou viajar.
Depois de tudo isso, é hora de estabelecer quanto a família vai poupar por mês e onde vai aplicar esse dinheiro. Pensar em uma quantia que seja factível e que não abale totalmente o orçamento é o mais importante, afinal se a renda total é R$4000,00 e os pais decidirem poupar R$2000,00 a chance de eles não aguentarem e desistirem da ideia é muito maior. Guardar mais ou menos apenas interfere em quanto tempo se leva para juntar toda a quantia.
Para encontrar o melhor lugar para aplicar o dinheiro, é essencial entender sobre qual taxa o dinheiro vai render. As melhores opções para quem está começando no mundo dos investimentos e poupanças, é procurar aplicar em rendimento da Taxa Selic. Ela é a taxa básica da economia brasileira e tem uma grande vantagem: nunca é negativa, ou seja, quem recebe rendimento dela não tem chance de perder dinheiro. O CDI – Certificado de Depósito Interbancário – também é uma boa taxa para se começar, porque sempre rende uma porcentagem muito perto da Selic e a acompanha nas oscilações.
Dica de ouro: evite taxas de rendimento fixas. Elas geralmente dão uma sensação de maior segurança e rendimento, mas nem sempre é verdade. Se a Taxa Selic está rendendo 3% ao mês, uma taxa fixa de 2% é baixa, afinal a pessoa poderia estar ganhando mais.
Diante de todas essas dificuldades para conseguir juntar dinheiro, muitas famílias acabam optando pelo consórcio. A ideia é que a pessoa pague um boleto todo mês e esse dinheiro fique todo guardado. O grande diferencial é que com esse boleto a ser pago, quem é mais indisciplinado para poupar de forma autônoma consegue manter a regularidade e incluir esse pagamento na sua agenda. Essa forma de guardar dinheiro é conhecida como “Poupança Forçada”, porque transforma o guardar dinheiro em uma obrigação até que isso esteja incorporado no dia a dia da família.
Esses são os primeiros passos para que qualquer família ou pessoa possa realizar o sonho que quiser. É importante reconhecer os próprios limites, mas também entender que com planejamento é possível se alcançar – quase – tudo.