Como a tecnologia mudou o cenário do campo e agropecuário do Brasil.
Se engana quem pensa que o campo não precisa de adaptação às novas tecnologias. Os produtores devem estar alertas em vários aspectos como a bolsa de valores, ou vendo informações atualizadas de clima e ecossistema digital e também visitando feiras em busca de novidades.
A transformação digital do homem do campo passa desde o acesso às informações sobre o plantio, gestão do negócio, lançamento de equipamentos, até mesmo ao curso superior ou tecnólogo sobre, por exemplo, agricultura, mecanização ou engenharia agrônoma.
O fato de hoje ser necessário rotear internet por toda área de produção para o funcionamento dos equipamentos é um grande exemplo dessa digitalização. O aumento do uso da tecnologia digital neste espaço representa a importância do setor agropecuário para o país.
O crescimento do campo
Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) afirmam que a tecnologia no campo vem aumentando nos últimos anos e a tendência é de que, em 2050, a produção agrícola aumente em 70%.
Nesse cenário, é cada vez mais exigido que o agricultor esteja antenado das novidades do mercado e da tecnologia.
As feiras, como a Agrishow, são uma boa opção para essa atualização porque visam sempre a maior produtividade do agricultor. Contudo, muitas pessoas que trabalham no ramo ainda não conseguiram se ajustar ao novo método. Com a pandemia, a urgência de maior produtividade foi determinante para aqueles que não compreendiam a importância da adaptação ao digital.
Em entrevista com a agrônoma Estela Trugillo, ela disse acreditar que essa transformação foi um pouco tardia e que, ainda assim, existe uma certa resistência à aceitação do novo modo de realizar as atividades do campo: “Os filhos estão colocando isso na cabeça dos produtores, já que são essa geração imersa na tecnologia. Eles buscam recursos para diminuir os custos e melhorar sempre. Muita gente busca por isso e nem percebemos o quanto facilitou nossa vida”.
Os limites do digital
Trugillo também falou como a agricultura de precisão ajuda na produção: “É uma era fantástica. É incrível que você tenha tudo nas suas mãos, você pode pegar seu celular e mandar um trator ir fazer alguma coisa, você sabe quando e quanto vai chover, se tal trator vai passar por tal área e assim vai. Tudo é feito para minimizar o tempo e facilitar a relação do produtor e do funcionário”.
Entretanto, a realidade de quem contrata e investe na transformação digital pode ser bem mais difícil do que a teoria.
Muito além de equipamentos novos, é necessária uma mentalidade diferente e há outros custos importantes como a gasolina, o adubo, calcário e até mesmo um grupo de assessoria com profissionais da área veterinária, agronomia, engenharia mecânica, entre outros.
Os agricultores que utilizam muito da tecnologia no campo sabem utilizá-la bem e possuem um time bem equipado para isso. Contudo, os que não entendem direito ou são produtores menores podem ser prejudicados se não manterem uma organização.
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A agrônoma comentou sobre essa questão e falou que o custo da assessoria é sempre necessário, mas ele também é limitante: “Os vendedores estão mais espertos. Se eles sabem que você é um produtor pequeno, eles vão te vender algo menor e vice-versa. Eu vejo como o produtor pequeno é afetado por esses recursos mais limitados, mas a gente tem que entender a capacidade deles. Não adianta dar um passo maior que a perna”.
Estela ainda indica aproveitar a plataforma da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Eles oferecem cursos e informações sobre as novidades da área e são extremamente úteis a quem ainda está com dificuldades de entender esse processo de transformação digital.
Ainda assim, a questão não impede o setor de sua expansão e de sua importância para a economia brasileira. O campo ainda enfrentará várias mudanças e é esperada a atualização rápida dos agricultores.
Na nova era, bastante organização e planejamento são essenciais para atingir metas de produtividade que podem ser ampliadas ao longo do tempo.